sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Soneto

Amor é fogo que arde sem se ver;
É ferida que doí e não se sente,
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer;


É um não querer mais que bem querer;
É solitário andar por entre a gente;
É nunca contentar-se de contente;
É cuidar que se ganha em se perder;

É querer estar preso por vontade;
É servir a quem vence,o vencedor;
É ter com quem nos mata lealdade.


Mas como causar pode a seu favor
Nos corações humanos amizade,
Se tão contrário a si é o mesmo amor?

Luis Vaz de Camões.

Sem comentários: